domingo, abril 15, 2007

Será esta casa pequena.....

Imagens do exterior e interior da Casa e respectiva autora.
Planta poligonal de 4 lados, entre 1 e 2 metros de largo e 10m de altura.

O Arq.Manuel Graça Dias, numa recente entrevista a ÚNICA (revista do Expresso), retomou a ideia que nem tudo o que escapa ao Arquitecto é mau e, que para além disso, "um mundo desenhado por Arquitectos, seria insuportável", focando a ideia que os arquitectos não devem ser os donos das cidades. "É preciso é que haja diversidade e que os planos urbanos sejam suficientemente abertos para o permitirem(...)queria chamar a atenção para o facto de existirem coisas interessantes e autenticidade em zonas de gosto que não são as nossas, mas que são meritórias exactamente por essa autenticidade.
"No seguimento dessa ideia podemos apreciar esta micro-casa, construída em Madre de Deus (Bahia). Consequência obvia de uma vida precária e falta de planeamento e controle urbanístico, esta casa, é no entanto uma realização de uma admirável simplicidade e beleza. Da legitima aspiração em melhorar a vida nasceu uma construção com menos de 2 m de largura, abrigando duas salas, cozinha, três suítes e uma varanda em 3 pisos. Tudo feito no limite corporal e no limite do sonho... E o resultado? Apesar da precaridade construtiva, bem mais interessante do que muita coisa que prolifera por esse Portugal.Não seria demais pensar na reformulação da actividade dos Arquitectos Camarários, de modo a libertarem-se das funções burocrátcas e, poderem realmente ajudar as comunidades com menos possibilidades a ter acesso a Arquitectura.

"A casa não poderia estar em local mais apropriado: Madre de Deus, a menor cidade da Bahia - com apenas 11 km2, o equivalente a três Cidades Universitárias da Universidade de São Paulo (USP)-, a pouco mais de 50 km de Salvador, na Baía de Todos os Santos. Quem vê, logo percebe que alguma força divina a segura de pé. São três pavimentos equilibrados em uma área de menos de 2 metros de largura.
A pitoresca residência chegou ao conhecimento do Estado por uma foto enviada por Valter Real ao projeto FotoRepórter, em que qualquer pessoa pode registrar cenas do cotidiano e enviá-las à redação - as imagens selecionadas ganham destaque no site e podem ser publicadas no jornal.
A foto chamou a atenção da reportagem, que entrou em contato com a dona da casa, Helenita Queiroz Grave Minho, de 43 anos. O "projeto" foi de autoria dela própria. "Eu quis aproveitar tudinho o que tinha de terreno", disse a moradora, que vive com o marido, Marco Antonio, de 46, três filhos, a mãe, a irmã e um cachorro.
Tudo começou com um "quartinho de bagunça" que Helenita teve idéia de construir nos fundos da casa para guardar os brinquedos da filha, de 8 anos. Depois, Helenita ficou desempregada e resolveu aproveitar um "resto de terreno" para construir outra casa, que, alugada, seria uma fonte de renda.
O problema era o terreno, muito estreito. Marco Antonio achou maluquice da mulher. "Até o pedreiro achou estranho quando eu encomendei o serviço, mas eu disse para ele: 'Faz uma estrutura bem boa que eu vou subir uma casa aí.' E subi dois andares. Ainda dá pra mais um." Mesmo desconfiado, o pedreiro aceitou o serviço, mas foi logo avisando que aquilo "não daria certo de jeito nenhum". E desafiou: "Nem uma geladeira entra em uma casa dessas". De fato, os móveis tiveram de ser desmontados para entrar na casa. A geladeira foi colocada pelo vão nos fundos, onde a largura é um pouco maior do que na frente.
Terminada a obra com duas suítes, sala e cozinha, Helenita não se deu por satisfeita. Convenceu Marco Antonio a usar o dinheirinho guardado para completar a casa de seus sonhos com mais uma sala, outro quarto e banheiro e uma varanda. "Foram dois anos de luta", diz. E a casinha nova, que começou modesta, terminou maior do que a antiga.
Hoje, a primeira casa rende à família R$ 700 por mês de aluguel. Já a nova residência, Helenita não aluga nem vende "por nada". "Não troco a minha casinha por dinheiro nenhum", diz, orgulhosa de ver terminada a sua obra. "É mais forte e segura do que as outras. Não balança nem com vento forte.
"No início, a prefeitura criou problemas, mas com a planta acabou aceitando a obra, que hoje virou ponto turístico da cidadezinha de 12 mil habitantes. Na frente da casa, há bancos onde os turistas passam o tempo sentados a observar a estranha construção. Alguns, mais curiosos, pedem para entrar e tirar fotos. Helenita deixa. O casal agora tem planos para construir um quarto pavimento, na cobertura, "aberto, para lazer, com churrasqueira e tudo"."

1 comentário:

Francisco do Vale disse...

Sr. Bruno Gonçalves como deve saber este “Post” é pertença do Blog Arquitectura Hoje, da minha autoria…Seria de bom senso, da sua parte, não usar material alheio sem autorização e consequente referência externa. Espero que corrija o erro.

Bem haja